quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Retrospectiva Quilombaque

2009: ano de muitas vitórias, sorrisos e cultura

Crédito: Divulgação

Tenha um pouco de paciência se achar que o relato abaixo está um tanto extenso. É que em 2009 a Comunidade Cultural Quilombaque realizou tanta arte, eventos, ações e oficinas em Perus que chega até ser difícil esquematizar uma retrospectiva do ano inteiro. Mas vamos lá.

Antes de listar tudo o que fizemos neste ano de tantas conquistas é preciso ressaltar que ganhamos ainda mais representatividade e liderança nas questões importantes para o bairro. Falamos sem nenhuma falsa modéstia - os fatos e os comentários comprovam - que alcançamos uma robustez do tamanho de nossos sonhos e ideias. Este ano serviu para liquidar qualquer dúvida que pudesse existir acerca de nosso potencial de mudança e inserção na comunidade. Há muito trabalho a ser feito? Sim. Mas 2009 foi um atestado de capacidade e perseverança que delineou todas as nossas ações.

Tivemos oficinas ocupando quase todos os dias de funcionamento da Quilombaque: Tricô, Crochê e Vagonite (com a Dona Aurora), Capoeira (com Deivid, do Esquadrão Arte Capoeira), Teatro (com a galera talentosa do Grupo Pandora), Libras (com a professora Alice), Percussão (oficina que se manteve mesmo depois do término do convênio com o VAI por dois anos consecutivos) e Oficinas Ambientais (forro de caixa de leite, janelas com pet, tinta natural, lâmpadas com garrafa pet e muito mais).

Por falar nisso, realizamos um evento de grandes proporções na Praça Inácio Dias, mesclando cultura e ecologia. O I Movimento Ecocultural, que aconteceu em junho, teve mais de 12 horas de duração e contou com oficinas de origami, marmorização em papel, tinta natural - que restaurou o coreto da praça -, cinema, música, teatro e muito mais. No mês seguinte, fizemos uma passeata junto com outros movimentos sociais do bairro, saindo em cortejo com o grupo de percussão Refúgio.

Crédito: Divulgação

As atividades na Praça Inácio Dias foram intensificadas e trouxeram momentos marcantes para todos. Além da comemoração do aniversário de 4 longos anos da Quilombaque, também fizemos diversas outras intervenções ali: Reggae na Praça (com a galera do Zafenate, que viu a praça lotar após a tradicional Festa Junina da Escola Gavião Peixoto), o tributo a Michael Jackson, dentro do projeto Radiola Urbana, dois dias após sua morte (até hoje o público presente cobra a Parte 2), e o CineQuilombo (com filmes, documentários e curtas-metragens alternativos).

Crédito: Renan Bastos

É Ponto de Cultura!

O Festival das Tribos, por sua vez, trouxe diversos estilos para a Quilombaque e transformou nosso espaço em uma bela casa de shows. Tivemos festas para todos os estilos: punk - inclusive com a comemoração de 15 anos do coletivo Atitude Punk -, reggae e muito rock'n'roll. O samba não saiu das ideias, mas em 2010, com certeza, faremos uma grande roda de samba. Também em nossa sede tivemos aulas de inglês e guarani aos sábados, no segundo semestre.

Uma das principais vitórias deste ano foi a reunião de diversos grupos (culturais, ambientais e sociais) da região noroeste no Fórum de Iniciativas Jovens, que teve alguns encontros mostrando a força de nossa luta. A união destes coletivos da quebrada é a grande sacada para a transformação permanente: Sarau na Brasa, Elo da Corrente, Grupo Pandora, Esquadrão Arte Capoeira, Refúgio, S.A.C.I, Lixo Arte, Hip-Hop NAAÇÃO, Cartel Central, Immortal Conspiração, Fábrica do Conhecimento, Rede Emancipa, Projeto Espremedor, Amigos da Sandice, Phone Raps, Anita, Dona Aurora, Déborah Moraes e tantos outros grupos e pessoas que estão chegando com gás total.

Crédito: Divulgação

Também tivemos diversas conversas com Gustavo Vidigal, secretário-executivo do Ministério da Cultura, com quem estamos discutindo a implantação de um Plano de Desenvolvimento Local abrangendo toda a região noroeste.

Para coroar este ano fomos merecidamente premiados com o Ponto de Cultura, que é um convênio com o Governo do Estado e Ministério da Cultura. Nos próximos três anos vamos desenvolver projetos culturais em toda a macro-região abrangida pelo plano: Perus, Taipas, Jaraguá, Anhanguera e Brasilândia. Sem o CEPODH, instituição com a qual fizemos um casamento de ideais e desejos de mudança, nada disso seria possível. E em 2010 teremos ainda mais trabalho, galgaremos ainda mais degraus na nossa crença de um mundo melhor.

Crédito: Divulgação

Hip Hop na rua

E o hip hop voltou para o seu lugar de origem: a rua. Em outubro, realizamos em parceria com a Phone Raps e o Grupo NAAÇÃO, o evento Na Rua - Hip Hop em Festa, com quase 20 grupos de rap, graffiti, discotecagens e muito mais. A intenção é fazer outras edições no próximo ano.

O mesmo queremos fazer com o Perusferia - Artevismo no Beco, nosso último grande evento do ano, que revitalizou a Travessa Cambaratiba e levantou a bandeira da Campanha do Laço Branco (Homens Pelo Fim da Violência Contra a Mulher). Nosso muito obrigado à Ecos - Comunicação e Sexualidade, que acreditou na nossa luta e somou forças conosco. Agradecemos também ao Bonga e a todos os grafiteiros que participaram, além das bandas e grupos culturais que abrilhantaram o evento, que foi um certificado de nossas potencialidades e poderes.

Crédito: Márcio Ramos

Durante 2009 outras ações também foram importantíssimas para nosso crescimento enquanto comunidade: I Festival de Inverno de Perus, Arraiá (transformado em sarau interno por causa da chuva), Festa do Dia das Crianças na Cohab Perus (em parceria com a associação de moradores da vila), ressurgimento da Trupe Liudes de Circo e Teatro (com Dedê, Fagundes, Valmir, Andrews e Gisele), Phone Disco (festa preparada pela Phone Raps com o melhor do groove de todos os tempos) e o Refúgio (que fez diversas apresentações no bairro e também fora dele).

Crédito: Divulgação

Com toda esta lista de realizações do ano, a Comunidade Cultural Quilombaque só tem uma coisa a dizer: vamos continuar fazendo o que sempre acreditamos ser o melhor para o bairro e para toda essa região, e nossa fortaleza está cada vez mais firme para resistirmos às intempéries que virão. Em 2010, vamos colher muitos bons frutos e também plantar muitas outras sementes, quebrando preconceitos, barreiras e cabeças quadradas, afinal de contas nosso lema é "Quebrando correntes, plantando sementes".

[Texto: Silvio Luz]

Um comentário:

Unknown disse...

Caraca!!!É muito bom saber que aquelas sementes plantadas na garagem,germinaram de maneira tão fantástica e produtiva para a comunidade, como sonhado desde o ínicio.Um salve para todos aqueles da Quilombaque,que mesmo nos piores momentos não desistiram da luta e concretizaram com muita garra e suor ideais que devem servir de inspiração para vida de muitos.
Estou cheia de orgulho e saudades da galera!!!
Abraços Vili.